*A partir de hj, sempre que eu resgatar algum texto meu escrito e não publicado, vou postar aqui. O que é escrito é para ser publicado. O texto de hj foi escrito em dezembro de 2007 e, mexendo em CDs antigos, o encontrei. Voilá!
Quanto mais me calo, mais farta estou. O meu silêncio é
diretamente proporcional ao meu cansaço. Estou cansada de assistir ao mesmo
filme. Fico muda, pois. Não quero conversar. Não consigo discutir o óbvio. É
demais para mim. Calo-me, então. Se já não argumento, é porque me enchi de tuas
desculpas. Se fico apenas olhando, ou quieta no meu canto, é porque já não
tenho mais forças para debater. Então, já sabes: o silêncio é o meu protesto.
Não me canso mais em discussões, não procuro mais a atenção, não respondo a
mais nada. Muda estou, portanto. É isso. Talvez seja o caminho mais fácil para
encerrar o assunto. Talvez não. Mas é o meu jeito. Calo-me, afasto-me,
resigno-me. Não tenho mais forças nem energia para ficar repetindo os mesmos
capítulos. Relendo as mesmas páginas. Já não acredito mais nas mesmas
promessas. Eu percebo, sabe. Percebo e sei exatamente quando estou sendo
enrolada. Por algumas vezes, deixo-me ser levada. É mais fácil. Finjo-me de desentendida, rio
de suas desculpas esfarrapadas, faço-te entender que acreditei. Mas, não. Estou
querendo me poupar, ou ganhar tempo. Sentir um pouco o clima, saber exatamente
o que está acontecendo. Em certas ocasiões até acredito. Sério! Acredito mesmo.
Mas, sabe, dura pouco. Logo, logo, quando estou sozinha - como agora – caio na
real e vejo todo jogo que existe entre todos. Estou farta. Estou cheia. As
desculpas e argumentos não me convencem mais. Queria apenas deixar registrado
meu protesto silencioso, e por isso, calo-me, recolho-me a minha significância
e deixo claro que já não quero mais conversar.
(Texto escrito em dezembro de 2007)