por katia maia
#memórias_de_uma_mãe_de_adolescentes
A gente sempre ouve falar das dificuldades que enfrentamos quando somos pais de adolescentes. E, sempre, invariavelmente, dizemos para si mesmos que saberemos administrar quando chegar o momento.
Afinal, pensamos, já fomos adolescentes e saberemos entender dramas, rompantes, destemperos e oscilações de hormônios. Certo? Errado!
Eles são incrivelmente criativos na arte de tirar a gente do sério e de surpreender. Não é raro a gente olhar para os filhos adolescentes e pensar:
- Onde foi parar aquele menininho doce, divertido e serelepe que tínhamos dentro de casa?
Eu respondo:
- Está escondido por trás de várias camadas de hormônios, dúvidas, certezas e de todo o furacão que habita a cabeça deles.
Ao ler esse post, você certamente dirá:
- Ah, então é só compreender isso que tudo se resolve?
- Nem! Pó parar! A gente não consegue! Não é tão simples assim. A verdade é que, mesmo tendo sido jovens também, nunca seremos compreensíveis ao ponto de entender SEMPRE o que se passa na cabeça de um adolescente.
Eles são pós-graduados em tirar a gente do sério e enxergar muitas vezes o mundo pelo lado avesso, do avesso, do avesso. ‘A pain in the ass”, como diriam os ingleses mais nobres e eu diria também com folga e sem medo de errar.
Claro que amo meus filhos e tento ser psicologicamente estável. Mas, não dá. Eles vivem a vida na tecla do “como se nada...”
Agem como se nada fosse acontecer. E, muitas vezes surpreendem: para o bem e para o mal! E digo mais: eles pedem limites.
Certa vez, fui fazer uma matéria em Alto Paraíso de Goiás. Uma cidade a 230km de Brasília. É uma região alternativa, cheia de energia e de pessoas que ali chegaram e ficaram na onda da era de Aquários. Foi um lugar que freqüentei durante muito tempo.
Já fui a Alto paraíso para pedalar – mountain bike -, para tomar banho de cachoeira, para tentar sentir um pouco o espírito ‘sociedade alternativa’ de rauzito, para falar de óvnis ou, simplesmente, para fazer matéria.
Numa dessas reportagens, encontrei um psicólogo que havia se mudado para lá ainda na década de 70, se não me falha a memória, e que ainda estava por aquelas bandas bem nessa onda ‘paz e amor’.
Na época em que o conheci, meu meninos ainda eram criancinhas. O psicólogo – do qual eu não me recordo o nome – tinha três filhos homens já adulto e bem criados. E, conversa vai, conversa vem, eu perguntei para ele, qual era o segredo para se atravessar a fase da adolescência sem traumas. Qual o conselho que ele me daria para essa etapa conturbada da vida de nossos filhos.
Ele, com um ar filosófico, me disse:
- Você já observou um rio?
- Já. Respondi encafifada.
- Então, (ele continuou) um rio tem o seu curso e corre para o mar, certo?
- Certo.
- Então, (repetiu) para correr para o mar o rio precisa de margem. Experimente retirar as margens dele para ver o que acontece: o rio se espalha e não vai para lugar nenhum. Se perde...
- Ah... Resmunguei já visualizando a cena de um rio todo esparramado em uma poça sem suas margens para lhe dar rumo.
- Pois bem, nossos filhos são esse rio. Temos que dar margens para que andem para algum lugar e cheguem a algum ponto. E as margens são justamente os limites.
- É mesmo! Exclamei, como quem pronuncia “eureca!”
Ele continuou:
- Sabe Katia, às vezes tememos dizer não, ou apenas achamos mais fácil não enfrentar situações difíceis e limite. Mas, lhe garanto que nossos filhos gostam e até pedem por limites. Se você deixá-los soltos não vão chegar a canto nenhum. Serão como um rio sem margens que não alcançará jamais o mar.
Poético? Sim, poético, mas verdadeiro. E conto essa história aqui porque hoje mesmo enfrentei um desses momentos em que temos que impor o limite. Mas, isso, eu conto no próximo post.
#memórias_de_uma_mãe_de_adolescentes
Pode parecer compicado, mas com margem sempre se chega. |
Afinal, pensamos, já fomos adolescentes e saberemos entender dramas, rompantes, destemperos e oscilações de hormônios. Certo? Errado!
Eles são incrivelmente criativos na arte de tirar a gente do sério e de surpreender. Não é raro a gente olhar para os filhos adolescentes e pensar:
- Onde foi parar aquele menininho doce, divertido e serelepe que tínhamos dentro de casa?
Eu respondo:
- Está escondido por trás de várias camadas de hormônios, dúvidas, certezas e de todo o furacão que habita a cabeça deles.
Ao ler esse post, você certamente dirá:
- Ah, então é só compreender isso que tudo se resolve?
- Nem! Pó parar! A gente não consegue! Não é tão simples assim. A verdade é que, mesmo tendo sido jovens também, nunca seremos compreensíveis ao ponto de entender SEMPRE o que se passa na cabeça de um adolescente.
Eles são pós-graduados em tirar a gente do sério e enxergar muitas vezes o mundo pelo lado avesso, do avesso, do avesso. ‘A pain in the ass”, como diriam os ingleses mais nobres e eu diria também com folga e sem medo de errar.
Claro que amo meus filhos e tento ser psicologicamente estável. Mas, não dá. Eles vivem a vida na tecla do “como se nada...”
Pode ser um rio caudaloso |
Certa vez, fui fazer uma matéria em Alto Paraíso de Goiás. Uma cidade a 230km de Brasília. É uma região alternativa, cheia de energia e de pessoas que ali chegaram e ficaram na onda da era de Aquários. Foi um lugar que freqüentei durante muito tempo.
Já fui a Alto paraíso para pedalar – mountain bike -, para tomar banho de cachoeira, para tentar sentir um pouco o espírito ‘sociedade alternativa’ de rauzito, para falar de óvnis ou, simplesmente, para fazer matéria.
Numa dessas reportagens, encontrei um psicólogo que havia se mudado para lá ainda na década de 70, se não me falha a memória, e que ainda estava por aquelas bandas bem nessa onda ‘paz e amor’.
Na época em que o conheci, meu meninos ainda eram criancinhas. O psicólogo – do qual eu não me recordo o nome – tinha três filhos homens já adulto e bem criados. E, conversa vai, conversa vem, eu perguntei para ele, qual era o segredo para se atravessar a fase da adolescência sem traumas. Qual o conselho que ele me daria para essa etapa conturbada da vida de nossos filhos.
Ele, com um ar filosófico, me disse:
- Você já observou um rio?
- Já. Respondi encafifada.
- Então, (ele continuou) um rio tem o seu curso e corre para o mar, certo?
- Certo.
- Então, (repetiu) para correr para o mar o rio precisa de margem. Experimente retirar as margens dele para ver o que acontece: o rio se espalha e não vai para lugar nenhum. Se perde...
Pode ser um rio calmo... |
- Pois bem, nossos filhos são esse rio. Temos que dar margens para que andem para algum lugar e cheguem a algum ponto. E as margens são justamente os limites.
- É mesmo! Exclamei, como quem pronuncia “eureca!”
Ele continuou:
- Sabe Katia, às vezes tememos dizer não, ou apenas achamos mais fácil não enfrentar situações difíceis e limite. Mas, lhe garanto que nossos filhos gostam e até pedem por limites. Se você deixá-los soltos não vão chegar a canto nenhum. Serão como um rio sem margens que não alcançará jamais o mar.
Poético? Sim, poético, mas verdadeiro. E conto essa história aqui porque hoje mesmo enfrentei um desses momentos em que temos que impor o limite. Mas, isso, eu conto no próximo post.