(Texto que encontrei no fundo do baú)
da série #naftalina
Então, resolvi deixar as lembranças partirem. Percebi que
elas estavam me atormentando e que eu precisava liberá-las e perdoá-las. Durante muito tempo, me prendi a elas, todas
elas. As boas e as más e percebi que mesmo as que me eram agradáveis me faziam
sofrer.
Percebi que me apertavam o peito e me faziam chorar pela
nostalgia de algo que não voltaria mais. Então, decidi: as expulsei sem dó nem
piedade.
Agora será assim: uma vida de presente e futuro. Não quero
me apegar às lembranças. Coloquei todas numa caixa e a caixa num baú e o baú
despachei. Tranquei com um cadeado cuja senha fiz questão de esquecer. Foi isso
que a vida me ensinou: a enterrar as lembranças. Elas só me fazem mal. Sofro
imensamente com a saudade e a frustração do que não pode mais ser o que era
antes. Então, fora! Fora daqui do meu peito lembranças. Não perturbem mais o
meu sono, não torturem mais o meu presente e não tropecem mais nos meus sonhos.
Vão e não voltem!