por katia maia
#memórias_de_uma_mãe_de_dolescente
Nunca tinha imaginado com seria, mas aconteceu: um encontro da minha fase TPM com a explosão de hormônios da adolescencia. Foi algo como (quase) o big bang, uma explosão do universo.
Pois bem, aconteceu comigo e não foi fácil. Asseguro que é bem complicado lidar com esse estado bipolar dos filhos adolescentes quando eles nos pegam na tal da TPM. E, claro, explodia ele de um lado, explodia eu do outro. Um verdadeiro vulcão de emoções.
A situação e o dia seria dos mais normais do dia a dia das minhas #memórias_de_uma_mãe_de_adolescentes, não fosse a conjunção dos astros, o alinhamento dos planetas, o eclipse solar e o meu humor TPM em confluência com o espírito bipolar adolescente.
Chego na academia e percebo que o meu IPhone está em pane. A maçãzinha congelada na tela e um circulo de tracinhos girando em volta dela. Falo para meu filho mais velho:
- ih, deu pau!
Nesse momento, me lembrei que o caçula tinha ficado em casa sozinho e pensei: se ele quiser falar comigo, estou com o rádio nextel, ele me liga. E fui além: se ele não souber o numero do nextel decorado, ele liga para o irmão, se ele não lembrar o do irmão, liga para o pai. Bom, tudo acertado na minha cabeça, relaxei: não há por que me preocupar.
Cena dois:
Faço minha aula de pilates alegre feliz e satisfeita. Sofro um bocado com aquelas posições e alongamentos de uma lado para o outro, agora com a bola, agora sobe a perna direita, agora vira para o lado, agora gira o quadril, agora segura por dez segundo. Como assim, dez segundos? Suando aos montes para manter os comandos do professor, enfrento com dignidade a aula inteira.
O filho mais velho que deveria estar na aula comigo, fez o início até a metade, depois, pediu para sair. Disse que estava com dor de cabeça. Ah, sei, desistiu. Ok. Sigo em frente.
- seu irmão ligou?
- não.
- ok.
Cena três:
Chego em casa e ao chegar à porta, vejo que ela está aberta, sem a tranca. Entro já perguntando por que estava tudo escancarado e, mais, todas as luzes acesas?
- Bonito, parece até que somos sócios da light! Digo.
-Mãe, a light não existe mais, resmunga o filhote que acabou de chegar comigo.
Foi nesse momento que vi o caçula sair bufando do quarto:
*detalhe: ele nunca está com o celular e sempre quebra o aparelho que lhe damos. A coisa mais difícil é o celular dele e ele estarem no mesmo local. Sempre esqueceu, está desligado, perdi, quebrei!
Ainda de bom humor respondi:
- uai, como assim: você é o cara para reclamar de alguém que está sem celular.
Foi então que veio ele, todo cheio de razão e sem nenhuma razão bufando:
- eu tentei ligar, você vive cobrando e não cumpre. Precisei falar e não consegui bla bla bla.
-Ãh? Perdi alguma coisa? Você está me pagando moral? Meu celular deu pane, mas eu estava com o rádio, por que não ligou para o nextel? Falei já um tom bem acima
- Eu não sei o numero do nextel! Disse ele irritado.
- Então que culpa tenho eu? Respondi e emendei: por que não ligou para o seu pai e pegou o meu número.
- Eu ia fazer isso agora! Disse ele quase gritando.
- ah? (de novo) e a culpa é minha? Como assim cara pálida (já gritando): eu sou culpada por você não ter conseguido falar no IPhone que deu pau à revelia, por você não saber o n8umero do meu nextel e por você não ligar para o seu pai?
- ah, ta, eu agora, quando você não conseguir falar comifgo, vou dizer que o meu telefone está dando pau. Disse com ironia.
- escuta aqui, não venha com ironia para cima de mim. Eu não admito. Você erra e quer colocar a culpa no outro. Não quero mais papo. Eu faço tudo certo, to sempre com a M... do celular à mão, nunca deixo de estar online e é isso que eu levo. Escuta aqui bla bla bla...
Eu sei que comecei a vociferar, babei, gritei, falei. Falei,. Falei até ficar com dó de mim.
Ele correu para o quarto, também vociferando e disse que ia dormir.
- vá, vá dormir, porque eu faço, aconteço, corro, vou, volto, tudo para dar conta de tudo e é isso que eu recebo. Inferno de vida, inferno de vida! Gritei.
Ele se deitou no quarto. O filhote que chegou comigo ia esquentar uma pizza no forno e desistiu. Foi dormir com fome. Eu entrei num banho para esfriar a cabeça e depois, com a casa toda calma, fiz uma sopa para acalmar o turbilhão de adrenalina que eu tinha jogado no sangue.
Depois, com a cara mais limpa, ele, o caçula, chega e me diz: posso dormir com você na sua cama. Meu irmão ligou o ar condicionado e o nosso quarto está muito gelado. Eu, mãe que sou, com o perdão incluído no pacote, e admitindo a minha dose de culpa no destempero quase nuclear, respondo:
- pode!
Fade - fim
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