Surpreenda-me sempre. Mas, por favor, surpreenda-me com bons momentos, com instantes de felicidade, com lembranças inesperadas. Surpreenda-me com um telefonema no meio da noite, as flores numa tarde de domingo ou um convite para uma saída meio de semana. Surpreender é a arte de fazer o que sempre esperamos no momento em que menos imaginamos. Quem não gosta de receber flores do nada? Rosas... Ah, as rosas são mágicas. Elas nos deixam sem fôlego, ansiosas pelo cartão, pelas letras e o mandatário. É mágico, é inesperado, é surpreendente.
E o telefone que toca no meio da noite sem mais nem menos. Primeiro o coração dispara. Acordou-me e ainda nem sei do que se trata. Olho para o relógio e é tarde, muito tarde. A primeira coisa que me vem à cabeça é o medo de uma notícia ruim. O coração dispara... Mas, logo se acalma quando ouve, do outro lado da linha, a voz e a frase: liguei porque estava com saudade... Ah... lembrar-me que sente saudade de mim, no meio da noite, que a cama está fria sem minha presença, que a noite está solitária sem meu calor... Isso é surpreender-me.
O convite para uma viagem rápida no meio da semana... Assim.. Sem mais nem menos. Como? Não posso! Posso, posso sim... Ah, posso! Posso porque é com você. Posso porque é irrecusável. Aquela fugidinha que tanto sonhamos de repente acontece e assim: sem planejar, sem muita elaboração. Posso, porque fui surpreendida por você.
Por isso, surpreenda-me sempre. Todo mundo gosta de ser lembrado e surpreendido com um gesto, uma palavra, uma atitude, um convite...
E, sabe, surpreender tem tudo a ver com fazer o que é certo fazer, mas de uma forma única e especial. Tem a ver com a arte de quebrar o previsível sem que o outro perceba e (como) interromper a expectativa antes de ela começar a virar decepção. Sim, porque quando esperamos que aconteça e acontece sem que acreditássemos que aconteceria, isso é sermos surpreendidos.
Mas, se há a expectativa e ela caduca, essa se transforma em decepção ou frustração. Portanto, evite frustrar e procure surpreender sempre. É a arte de manter a chama acesa e de estarmos sempre em sintonia. Um fazendo o que o outro espera que seja feito da forma mais inesperada possível porque, cá para nós, todo mundo espera que as coisas aconteçam – e eu acredito nisso -, mas poucos fazem com que aconteçam de um jeito inusitado, diferente e agradável em nossas vidas.