Crônica de um diálogo atravessado
Por katia maia
Imagem puramente ilustrativa by gettyimages |
- Você entra no meu?
- Entro, e você entra no meu?
- Entro.
As palavras foram pronunciadas com uma naturalidade desconcertante e a um volume que não deixava duvida: eles não estavam preocupados com o efeito que as frases poderia provocar nos outros e, mais, estavam seguros de que não praticavam nenhuma indiscrição.
A verdade é que o diálogo acima sugere algo que cérebros férteis e nada puras como a minha já se encarregariam de imaginar, fantasiar e elaborar toda uma história que poderia haver por detrás de cada vírgula, pausa, sílaba ou vogal pronunciada por aquele homem e aquela mulher.
Claro que, para uma mente nada ingênua como a minha, a história rapidamente se formou com nuances intrínsecos e incrustados no DNA da existência de cada um. Era uma trama de encontros furtivos, desejos, clima no ar. Uma história que começava com a empatia, o olhar, a troca de pensamentos.
Tudo muito bem elaborado, com sentimentos, desejos, vontades. Um roteiro típico de cinema com desencontros, palavras, escritos, scripts. Algo que envolveria o mundo virtual também. Claro. Por que não?
Twitadas, posts, curtir ou não curtir. Nesse caso, em minha opinião: curtir, recomendar e linkar. O diálogo tinha tudo que sugerisse empatia. Uma trama repleta de ingredientes doces, picantes, ardidos, numa gastronomia degustada.
#Ui! Assustei-me com minha imaginação fértil. Será que estou fantasiando demais? Será que é tudo o contrário do que eu disse antes? O avesso do avesso? Mas...
Como assim, ‘você entra no meu ou eu entro no seu’?
Esse tipo de diálogo não é para amadores. Digo mais: não é para acontecer em uma mesa de café da manhã, rodeado de amigos e (até) com crianças à volta.
Mas, pasmem: meninos, eu ouvi!
E foi tudo dito com a simplicidade de quem toma uma xícara de café. Eu, que me achava moderna e desencanada, fiquei atônita. Meu Deus, onde estamos? Aonde vamos parar? O ser humano perdeu a razão, a noção, a visão?
Estamos no fim do mundo. É o apocalipse. Já não há mais respeito, deferência, cuidado com o que se diz se pensa ou se publica?
Loucura ou verdade? Loucura, claro! O mundo atual, moderno, ágil, virtual, pode levar a gente a pescar diálogos do tipo do lado de lá ou de cá da tela do computador: num tweet, num microblog, na página de comentários ou, numa mesa de uma cafeteria, despretensiosamente, numa manhã de domingo.
Pois assim aconteceu. Verdade ou mentira? Mistérios!
Em tempo: o diálogo aconteceu realmente entre duas pessoas, numa mesa de cafeteria, em Brasília, numa manhã de domingo. Só que, ao contrário de todo esse meu delírio mental. eles conversavam sobre literatura. O casal de amigos tem seus espaços na web e se referiam aos respectivos blogs: no meu ou no seu?
Pior é ouvir, em uma fila, o cara falar:
ResponderExcluir"Todo vez que eu dou uma rolada na cama o lençol sai"
Foi ouvir o cara falar e eu me rasgar de tanto rir, não importando se alguém estava olhando e nem me importando com o cara que falou
Quem estava comigo ficou morrendo de vergonha e eu sem me controlar.
A maldade ficou só, somente só, na minha cabeça, pois todo mundo entendeu que o cara queria comprar um lençol com elástico pois cada vez que ele rolava na cama o lençol saía.
Estou seguindo e gostando. Bjs
ResponderExcluirobrigada Cris pela visita e pela presença
ResponderExcluirbjbjbjb
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essa é boa Kallango (rs)
ResponderExcluirsão os fragmentos que captamos e só faz sentido para quem ouviu naquele mmento, aquele trecho.
mto bom!
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