por katia maia
Foi aberta hoje, no Museu Vivo da Memória Candanga, a exposição Cartas de Brasília. Um acervo que reúne cartas trocadas entre os pioneiros e que por meio delas conta a história da construção de Brasília.
Este blog conversou com Márcia Turcato, jornalista e uma das idealizadoras do projeto Cartas de Brasília. Ela e sua sócia, a socióloga Tânia Ribeiro conseguiram reunir um acervo rico de cartas, fotos e objetos que traduzem o momento e as histórias de centenas de pessoas que na década de 60 deixaram suas terras de origem e vieram para o Planalto Central ajudar a materializar o sonho de JK.
Entre as cartas, histórias pitorescas como a de um servidor público que pede a mão de sua amada por carta ou a de um casal que jura amor eterno por carta e decide que estarão sempre juntos em qualquer lugar do país. Os dois terminam vin
do parar em Brasília.
A exposição, que fica aberta ao público de terça a domingo, entre as 10h e às 17 h, começa hoje e vai até o dia 19 de dezembro. Um oportunidade imperdível para quem nasceu em Brasília, ou veio para a cidade e aqui terminou ficando ou mesmo para quem está de passagem. Brasília faz parte da vida de todos os brasileiros e as Cart
as são documentos eternos que retratam o sentimento e o sonho de quem acreditou que a nova capital era possível.
Abaixo, você confere a entrevista que este blog fez com Márcia Turcato e com Daiana Castilhos, produtora da exposição. Confira e divirta-se
com as histórias por elas contadas.
Blog: o que é a exposição Cartas de Brasília?
Márcia: nós pensamos a exposição Cartas de Brasília para fazer uma homenagem aos pioneiros tendo como marco referencial os 50 anos de Brasília. Então no ano passado, eu e a minha sócia nesse projeto, a Tânia Ribeiro, nós começamos a entrevistar variso pioneiros que deram origem à cidade, em busca de correspondências trocadas entre eles para contar uma faceta da historia de Brasília que ainda não fosse conhecida. Essa troca de correspondência que traz todo um lado emocional e conta a historia de Brasília e felizmente agora esse projeto que começou com um blog será transformado em exposição a partir do dia 10 de outubro a 19 de dezembro no Museu Vivo da Memória Candanga.
Tânia Ribeiro e Márcia Turcato. Foto: blog Cartas de Brasília
Blog: quem for à exposição, o que encontrará por lá?
Márcia: a exposição tem um lado muito emocional porque é possível ver o inicio de Brasília desde 1956. Nós temos fotos e cartas que estarão em exposição ao público protegidas em vitrines e algumas foram escaneadas e serão projetadas. Então tem a historias das escolas que chegaram na Cidade Livre, que hoje é o Núcleo Bandeirante e que ajudam a contar essa historia de pioneirismo, de ineditismo e de coragem que foi esse grande empreendimento do sonho de JK e de Dom Bosco e de todos que acreditaram nessas duas grandes figuras da história do Brasil.
Nós teremos também uma brinquedoteca para as crianças com brinquedos da época, antigos, também pipas... Eu acho que será uma viagem do tempo, um verdadeiro túnel do tempo.
Blog: estas cartas vão estar disponíveis para serem lidas pelo publico?
Márcia: as cartas, algumas serão projetadas, algumas estarão em vitrines e mu
itas delas contam do catálogo da exposição – muito bonito, muito bem preparado - com a participação da Isabela Mangasanta e da Daiana Castilho que nos ajudam nesse processo. É um catalogo bem grande de 70 páginas com fotos e as cartas.
Tânia Ribeiro: um sonho contado por cartas. Foto: blog Cartas de Brasília
Blog: Existem casos pitorescos contados por meio das cartas?
Márcia: existe o caso de um pedido de casamento por carta. O contador, senhor Laudelino, que foi pioneiro em Brasília, conheceu a noiva Jurides, na repartição pública onde trabalhava, se apaixonou perdidamente e mandou uma carta ao sogro que morava no Rio de Janeiro, antiga capital, pedindo a mão da Jurides em casamento.
O futuro sogro respondeu por carta que sim, que havia se informado sobre o Laudelino, sabia que ele era um moço correto e que concordava com o casamento.
Essa é uma relíquia que nos temos e tem uma outra mais antiga ainda, de 1938, trocada entre noivos que garantem amor eterno e um jura para o outro nessa carta que estarão juntos em qualquer lugar do Brasil. E, então, em 1960 eles chegam em Brasília.
O senhor que assina essa carta, o senhor Fernando, depois ele ficou conhecido como o pai do cinema em Brasília porque ele conseguia documentários e filmes nas embaixadas e projetava no prédio dele na Asa Sul.
São historias assim bastante peculiares que resgatam o lado lúdico e realmente bastante emotivo da cidade. Vale a pena conhecer.
Blog: É uma exposição para passar horas lá dentro?
Márcia: É verdade.Tem muita coisa para ler, muita coisa para olhar. O próprio museu tem um acervo permanente que pode ser visitado e visto.
É importante salientar que nós conseguimos o apoio dos Correios que nos apóia nesse projeto porque ao mesmo tempo que a gente conta a historia de Brasília, a gente conta a historia da correspondência. Nós temos uma coleção de telegramas recebidos pelo Dr. Nardelli que é um ginecologista e pediatra pioneiro – da formatura e do casamento dele.
Há histórias de cartas endereçadas ao JK de telegramas que ele também enviou aos parentes e o próprio JK foi telegrafista.
Então, é muito importante essa conexão que existe entre o nosso projeto e a história da correspondência, a historia da comunicação no país e no mundo.
Blog: Essa exposição encerra um projeto ou ele continua?
Márcia: A gente tem vontade de continuar abrindo outras facetas com o foco em Brasília. Temos algumas idéias, mas ainda é prematuro falar.
Daiana Castilho – Produtora
Blog: como foi materializar esse projeto que conta a história de Brasília por cartas?
Daiana: a partir da iniciativa das curadoras Márcia Turcato e Tânia Rivbeiro, nós fomos convidados pelos Correios para produzir o evento e transformar a pesquisa delas em uma exposição, em algo palpável.
O que a gente apresenta para vocês é uma exposição com 150 documentos entre cartas, objetos, telegramas... Enfim, uma serie totalmente inédita sobre Brasília e seus pioneiros. Eu sou Brasiliense e para mim também tem sido uma grande aventura participar dessa experiência.
Blog: Como brasiliense, o que você pode falar para o público da exposição?
Daiana: a exposição apresenta ao publico em geral um acervo completamente inusitado. São historias pessoais, aventuras das pessoas que vieram para a construção de Brasília e peculiaridades muito específicas de parte da historia de Brasília que nos mesmos não conhecemos.
Fotografias que apresentam a arquitetura durante o momento da construção e que nós nunca tínhamos visto. A primeira casa construída no Lago Sul. O lago Paranoá enchendo, o primeiro barco que foi feito por um dos pioneiros para subir junto com a água do lago e que se chamava Jussara em homenagem a JK e dona Sarah Kubitschek...
Enfim, são muitas novidades. O importante é que a exposição apresenta um olhar diferente sobre a historia da capital. Um olhar mais emocionado e mais participativo. Toda essa gente que veio para Ca e transformou esse sonho em realidado.
Blog: ela abre no dia 10 de outubro?
Daiana: Isso, no dia 1º de outubro, até 10 de dezembro. No Museu Vivo da Memória Candanga que fica em frente à Candangolândia e ao Núcleo Bandeirante e o horário de visitação é de terça a domingo, das 10 às 17 h.
Blog: a exposição deve ir para outro estado?
Daiana: ela abre aqui em Brasilia e há um projeto dos Correios de levar para o Rio de Janeiro também.
Ouça a integra da entrevista com Márcia Turcato e Daiana Castilhos
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