por katia maia
#memórias_de_uma_mãe_de_adolescentes
- Mãe, qual é a senha do meu cartão de débito mesmo?
A pergunta soaria como a mais natural possível, não fosse um detalhe:
- Como assim, qual é a senha do seu cartão? Onde você está para precisar usar o cartão?
- Não... é que eu estou aqui no Mc Donald’s com o fulano e fui passar o cartão para pagar o lanche e não estou lembrando qual é a senha...
- Como assim, eu estou no Mc Donald’s? Perguntei já quase aos berros.
- Não.. é que... sabe... Ele se enrolou na resposta e se eu etivesse no lugar dele já teria na minha mente a certeza do famoso “Ih, fiz M...!”
Fez mesmo! Respondo quase que automaticamente, mentalmente, aos pensamentos que, tenho certeza, estavam se passando pela cabeça dele.
A história é que ele estava na casa de um amigo, para onde fora com o irmão para dormir. Lá pelas tantas (pelas tantas mesmo) eles resolveram ir até o Mc Donald’s para comprar um lanche. Só que... Não me avisaram!
Quando ele me ligou para pedir a senha já era quase meia noite e justamente àquela hora ele estava comprando um lanche em um canto da cidade que eu desconhecia!
- Nem pensar! Gritei e rosnei:
- Volte agora! Você não tem autorização para estar aí. Você não me ligou avisando, você... Você... Você. Eu babava!
Ele percebeu a m... que tinha feito e me pediu desculpas.
Tudo bem, desculpas aceitas, mas: senta que lávem história. Ele ouviu, ouviu e ouviu pelo menos por uns três dias seguidos.
A verdade é que eu posso até parecer neurótica. Afinal, ele já tem 16 anos. Mas não sou e explico porquê.
Não dá para eu não saber a localização, o endereço, o lugar onde eles estejam.
Sou paranóica sim, mas não sou totalmente intransigível. Tudo o que peço é: me digam onde estão e eu explico (novamente):
Desde pequenos, conto para eles a história da estudante que decidiu acampar com o namorado e disse para a mãe que ia para um canto e terminou indo para outro - um sítio abandonado no interior de São Paulo. Os namorados foram surpreendidos por um psicopata que torturou e matou o casal.
Os dois adolescentes (ela de 16 e ele, 19) foram dados como desaparecidos e tiveram os corpos encontrados alguns dias depois. Isso aconteceu em 2003 e desde então conto para os meus filhos e falo da importância de me avisarem onde estão.
Esse caso foi emblemático, mas muitos outros ocorreram depois disso e muitos acontecem diariamente em nossas cidades. Por isso, é importante a gente saber sempre onde estão.
Eles retrucam, mas no fundo entendem.
O mundo tecnológico até trouxe para o dia a dia de todos nós a facilidade de acompanhar online, em tempo real o que acontece nos quatro cantos do planeta. A sensação que temos é de que há câmeras espalhadas por cada centímetro de nossas cidades. Tudo isso, levou as pessoas a terem uma sensação de que estão sendo vigiadas o tempo todo, todo o tempo.
- Isso é bom? Pergunto a mim mesma.
- É bom e é ruim. Respondo a mim mesma.
Nessa louca vida que levamos com nossos filhos adolescentes nesse mundo que não está nada amigável, o fato de termos um sistema de vigilância ininterrupto em cada centímetro de nossas vidas é algo que poderia (digo, poderia) dar uma certa tranqüilidade para nós – pais de adolescentes.
Mas não dá! E é por isso que em casa temos essa regrinha básica:
Não importa onde você esteja, para onde vá, o que vá fazer. TEM QUE AVISAR!
- Mas, mãe, você e meu pai prendem a gente demais! Retruca o meu caçula.
Não importa. Não quero prender, quero saber!
#memórias_de_uma_mãe_de_adolescentes
- Mãe, qual é a senha do meu cartão de débito mesmo?
A pergunta soaria como a mais natural possível, não fosse um detalhe:
- Como assim, qual é a senha do seu cartão? Onde você está para precisar usar o cartão?
- Não... é que eu estou aqui no Mc Donald’s com o fulano e fui passar o cartão para pagar o lanche e não estou lembrando qual é a senha...
- Como assim, eu estou no Mc Donald’s? Perguntei já quase aos berros.
- Não.. é que... sabe... Ele se enrolou na resposta e se eu etivesse no lugar dele já teria na minha mente a certeza do famoso “Ih, fiz M...!”
Fez mesmo! Respondo quase que automaticamente, mentalmente, aos pensamentos que, tenho certeza, estavam se passando pela cabeça dele.
A história é que ele estava na casa de um amigo, para onde fora com o irmão para dormir. Lá pelas tantas (pelas tantas mesmo) eles resolveram ir até o Mc Donald’s para comprar um lanche. Só que... Não me avisaram!
Quando ele me ligou para pedir a senha já era quase meia noite e justamente àquela hora ele estava comprando um lanche em um canto da cidade que eu desconhecia!
- Nem pensar! Gritei e rosnei:
- Volte agora! Você não tem autorização para estar aí. Você não me ligou avisando, você... Você... Você. Eu babava!
Ele percebeu a m... que tinha feito e me pediu desculpas.
Tudo bem, desculpas aceitas, mas: senta que lávem história. Ele ouviu, ouviu e ouviu pelo menos por uns três dias seguidos.
A verdade é que eu posso até parecer neurótica. Afinal, ele já tem 16 anos. Mas não sou e explico porquê.
Não dá para eu não saber a localização, o endereço, o lugar onde eles estejam.
Sou paranóica sim, mas não sou totalmente intransigível. Tudo o que peço é: me digam onde estão e eu explico (novamente):
Desde pequenos, conto para eles a história da estudante que decidiu acampar com o namorado e disse para a mãe que ia para um canto e terminou indo para outro - um sítio abandonado no interior de São Paulo. Os namorados foram surpreendidos por um psicopata que torturou e matou o casal.
Os dois adolescentes (ela de 16 e ele, 19) foram dados como desaparecidos e tiveram os corpos encontrados alguns dias depois. Isso aconteceu em 2003 e desde então conto para os meus filhos e falo da importância de me avisarem onde estão.
Esse caso foi emblemático, mas muitos outros ocorreram depois disso e muitos acontecem diariamente em nossas cidades. Por isso, é importante a gente saber sempre onde estão.
Eles retrucam, mas no fundo entendem.
O mundo tecnológico até trouxe para o dia a dia de todos nós a facilidade de acompanhar online, em tempo real o que acontece nos quatro cantos do planeta. A sensação que temos é de que há câmeras espalhadas por cada centímetro de nossas cidades. Tudo isso, levou as pessoas a terem uma sensação de que estão sendo vigiadas o tempo todo, todo o tempo.
- Isso é bom? Pergunto a mim mesma.
- É bom e é ruim. Respondo a mim mesma.
Nessa louca vida que levamos com nossos filhos adolescentes nesse mundo que não está nada amigável, o fato de termos um sistema de vigilância ininterrupto em cada centímetro de nossas vidas é algo que poderia (digo, poderia) dar uma certa tranqüilidade para nós – pais de adolescentes.
Mas não dá! E é por isso que em casa temos essa regrinha básica:
Não importa onde você esteja, para onde vá, o que vá fazer. TEM QUE AVISAR!
- Mas, mãe, você e meu pai prendem a gente demais! Retruca o meu caçula.
Não importa. Não quero prender, quero saber!
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