Populares abraçados a Lula. (Foto: Presidência)
Reservas e críticas à parte, o presidente Lula, para o povo, foi o governante ‘gente como a gente’. Acostumamos-nos a ver o Lula suado, andando de um lado par o outro dos palanques, tocando o povo, beijando, fazendo comparações e utilizando metáforas que fazem do seu discurso um ‘bate-papo’ entre amigos.
Lula na Bahia. (Foto: Presidência)
Do estilo Lula pode-se dizer que o povo viu nas palavras do presidente o jeito de falar de parentes, amigos e pessoas próximas. “Ele fala igualzinho me pai”, me disse certa vez uma moça que assistia ao discurso do presidente na Ilha de Marajó em 2008 ou 2009, não me recordo bem a data.Muitas vezes, os números não eram favoráveis ao governo, mas, para o povo, nada disso importava. Eu desafio alguém encontrar no público que assistia ontem ao discurso de Lula no Minha Casa Minha Vida um popular sequer que tenha saído com críticas ao presidente.
O programa não cumpriu a meta 400 mil moradias construídas. Até agora entregou 247 mil. Mesmo assim, o povo saiu certo de que o Minha Casa Minha Vida está andando e de que o presidente pessoalmente fiscaliza tudo e se preocupa com cada um daqueles que se inscreveram para receber sua casa própria. É a arte de Lula em se comunicar com o povo. Isso é uma marca que ele imprimiu na sua gestão e que ninguem pode negar que deu certo com o povo.
Lula deixa a presidência com 87% de aprovação à sua pessoa, segundo a Pesquisa CNT/Sensus. Ainda segundo o instituto, a maior popularidade já vista por governantes mundiais ao deixar o mandato. Apenas Nelson Mandela e Angela Merkel se aproximam de tal feito. E olha que estamos falando de Mandela!
Lula no Tocantins. (Foto: Presidência)
Lembro-me ainda das pessoas se espremendo no Tocantins a espera do presidente que fora a Colinas, para inaugurar um trecho da Ferrovia Norte-sul. Na ocasião, debaixo de um calor fortíssimo, milhares de pessoas esperaram por horas para ver lula chegar na frente da locomotiva, abanando uma bandeira. Triunfal! O povo foi ao delírio.
O estilo Lula começou já em 2003, quando em sua posse, Brasília foi invadida por centenas de milhares de pessoas que lotaram a Esplanada dos Ministérios para ver o presidente. Lá atrás, no início do mandato, lembro-me, fazíamos plantões na porta do Palácio da Alvorada.
Populares iam ao local para esperar a passagem do carro presidencial – quando Lula saia para trabalhar ou quando voltava - e o presidente freqüentemente pedia para o motorista parar o veículo e descia. Descia para abraçar, tirar fotos e beijar popualares. Era a glória para quem estava no local.
Com o tempo, essas paradinhas na porta do Alvorada foram ficando cada vez mais raras até que se acabaram. Mas, o Lula continuou a falar para o povo como se povo fora e esse estilo marcou o país. Agora, a partir de sábado, acabam-se a espontaneidade, as metáforas, os ‘causos’ tão ditos e repetidos pelo presidente. O que fica? Bom, ficam os discursos técnicos, professorais e lineares da presidente Eleita Dilma Roussef. Certamente, as solenidades oficiais ficaram bem menos interessantes para o povo. Como na letra de Chico buarque: agora 'Nunca mais romance Nunca mais cinema/ Nunca mais drinque no dancing Nunca mais cheese...'
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