Quisera todo trabalhador brasileiro poder chegar ao seu chefe, sua empresa, seu empregador e declarar que a partir de agora seu salário será reajustado em 60%. Esse é um típico caso do ‘todo mundo merece’. Mas, infelizmente somente poucos têm o poder de, na hora em que bem entender, declarar que está dado um aumento aos seus próprios rendimentos.
A verdade é que nesse departamento os nossos parlamentares foram bem eficientes. No final da manhã, enquanto a reunião da Mesa sobre o assunto ainda estava em andamento, apresentaram o texto na Câmara, aprovaram sua tramitação em regime de urgência e, em dois minutos, aprovaram o mérito.Depois, em menos de cinco minutos, o mesmo aconteceu no Senado.
O recém alfabetizado, palhaço e deputado eleito, Tiririca (esq.), conversa com Temer, presidente da Câmara (Foto:Sergio Lima/Folhapress
Enquanto projetos aguardam anos, décadas para serem votados no congresso Nacional, em apenas um dia, em votação relâmpago os digníssimos determinam que o brasileiro terá que pagar a partir de fevereiro 62% a mais no salários de vossas excelências.
O último aumento nesses salários havia sido em 2007. Desde então, a inflação acumulada foi de 19,9%, bem abaixo do que foi concedido deles a eles mesmos.
O triste é ver que esse aumento, que para presidente e vice-presidente chega a 130% é uma unanimidade entre o seleto grupo de autoridades legislativas e do executivo. Triste foi ver ‘recém declarado’ alfabetizado, deputado Tiririca, dizer que ‘teve sorte’ por visitar a câmara no dia em que se votava um aumento em causa própria.
Pior foi ver o presidente da república fazer brincadeira sobre o assunto e dizer que “o lulinha aqui’ vai ficar fora dessa boquinha.
Menos feio seria se ele esquecesse um pouco as brincadeiras para a platéia e no fim do seu mandato, no momento em que fazia seu balanço de oito anos, tivesse se lembrado do trabalhador brasileiro e recriminado o Congresso por dar a si mesmo um aumento acima do razoável quando costuma chorar muito na hora de reajustar o salário mínimo.
Lula já não precisava afagar os parlamentares, está saindo, e poderia ter dado ao fato a leitura que todo brasileiro fez: isso é um acinte!
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