segunda-feira, 9 de agosto de 2010

400 contra o bonsenso

por katia maia

Um filme mal amarrado, mal explicado e mal conduzido. Foi com essa impressão que deixei a sala de projeção neste fim de semana após assistir a “400 contra um”.

Quando decidi ir ao cinema neste domingo, tinha duas opções no horário escolhido – por volta das 15 h, quando posso ver o filme e ainda me sobra tempo para ver o por do sol dos domingos de Brasília que estão simplesmente maravilhosos.

Pois bem, além do filme “400 contra um” eu tinha a opção de assistir ao norte-americano “A Origem”, com Leonardo de Caprio.

Optei pelo nosso produto nacional até porque tenho gostado, e muito, das produções domésticas. Ledo engano. “400 contra um” é uma seqüência de erros.

O filme conta a história do surgimento da organização criminosa “Comando Vermelho”. Para quem viveu a década de 70 e 80 se lembra dessa facção que aterrorizou o Rio de Janeiro no fim dos anos 80. O filme conta a história de William da Silva Lima, o único sobrevivente do grupo.

William (Daniel de Oliveira), Baiano (jonatan Azevedo), Biro (Jeferson Brasil), Cavanha (Fabrício Boliveira) e Maranhão (Lui Mendes). Foto: Daniel Chiacos


O foco é o seguinte: o surgimento do Comando Vermelho que criou uma conduta de solidariedade inédita até então entre detentos em presídios brasileiros. Esse sentimento foi reflexo da convivência de presos comuns e políticos, que gerou a transferência e a troca de conhecimento entre eles. Os presos comuns passaram a ter e conhecer noções estratégicas e começam a planejar suas ações e a se organizar.

Até aí, tudo bem. A história, o argumento, a proposta é boa. Mas o diretor Caco Souza (inspirado no livro ‘400 contra um’)peca na realização. O filme torna-se mais um que retrata o dia a dia prisional.

Personagens estereotipados e situações absurdas como a que mostra detentos da Ilha Grande, em dia de visita. Eles simplesmente ficam na beira da praia com uma mesa de frutas tropicais com suas esposas. Eu diria #nonsense!

Núcleo do Comando Vermelho

A história intercala os fatos cronologicamente, alternando entre a década de 70 – quando nasceu a célula do Comando Vermelho no presídio da Ilha Grande, RJ – e a década de 80 quando a organização promove uma série de assaltos a bancos no Rio de Janeiro.

A história tem, como pano de fundo o romance de William com Teresa, mulher de um carcereiro. Os dois (William e Teresa) se envolvem e por inúmeras vezes, William aparece na casa dela, na Ilha Grande, livre, leve e solto e os dois se beijam, transam e nada acontece.

Até que um dia ela enche o saco do carcereiro e o mata com dois tiros e... E nada! Nada acontece com ela que aparece livre leve e solta no Rio de Janeiro ajudando nos assaltos do Comando Vermelho na década de 80.

Portanto, a intenção até foi boa. Mas o filme é realmente decepcionante.

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Calo-me...(da série #resgates)

*A partir de hj, sempre que eu resgatar algum texto meu escrito e não publicado, vou postar aqui. O que é escrito é para ser publicado....