O mundo ficou instantâneo e a tolerância do ser humano para as coisas básicas do dia a dia está cada vez menor. A facilidade com que temos acesso á informação, a banalidade de tudo o que é dito o tempo todo, a necessidade de falar primeiro e a ansiedade de se obter a resposta o mais breve possível está nos tornando em insuportáveis neuróticos virtuais.
Fico imaginando como se processa na cabeça dessa nova geração essa relação com o tempo. Sim, porque eu, que já estou nesse planeta há algum tempo, tive que exercitar minha paciência e aprender no dia a dia o que sabiamente diz a canção: “não se avexe não, que nada é para já”.
Certíssimo, as coisas não podem ser imediatas o tempo todo. Na minha infância, me correspondia com amigos de outras cidades, estados e até países, por carta! É meus caros amigos, a velha e boa carta. Nada substitui a deliciosa espera da chegada de uma carta pelos correios.
Era um exercício diário: abrir a caixa de correio do prédio onde morava, e dar início ao ritual – pegar a chave, descer até o térreo, colocar a chavezinha na fechadura, abrir a carta e ter (ou não) a surpresa da carta respondida. Impagável. Eu adorava escrever cartas. Verdadeiros documentos vivos. Reflexos dos vários momentos de minha vida, dos meus pensamentos, dos amigos que eu tinha, das angustias e sentimentos.
Hoje, não. Tudo é para agora! Meu Deus! Acho que até a vida de quem só conhece ávida em modo instantâneo sofre com isso. Vejo meus filhos. A escola publica diariamente – e é todo dia mesmo – o desempenho deles em sala de aula e aí leia-se tudo o que eles deixaram de fazer.
Se não levou a tarefa de casa, a anotação vai para o site do colégio no mesmo dia. Se conversou demais durante a aula, idem, se brigou com o coleguinha, da mesma forma. É um inferno! Para ele e para mim, que sou mãe. Isso me obriga a, diariamente, vistoriar o comportamento dos meus filhos na escola e mais: me posicionar.
Se um dos meus filhotes não vai bem, pronto! Lá vou eu para mais uma daquelas discussões comportamentais. No meu tempo não era assim. Muitas vezes deixei de entregar a tarefa e meus pais nem sonharam. Cheguei até a faltar a aula, conversar, fazer bagunça e aquilo caía no esquecimento caso não fosse constante nem recorrente, claro.
E assim o mundo instantâneo vai criando também pessoas neuróticas. Uma criança manda um e-mail para seu amigo e já quer a resposta em instantes. Cadê a espera pela correspondência? O adolescente, então, nem se fala. Esse já é impaciente por natureza.
Escrevo isso porque faço, aqui, um ‘mea culpa’. Eu estou me tornando uma pessoa contaminada pela instantaneidade. Mando um e-mail e se a resposta não chega em um prazo regulamentar de, digamos, uma hora, duas no máximo. Pronto! Já imagino que fui desprezada, que meu pedido não será atendido ou que falei tanta besteira que não vale a pena nem responder.
E essa nova mania chamada Twitter! Hoje está congestionado, não consigo mandar meus tweets. Over capacity! Try again in a moment! Something is technically wrong! O que cara
Bárbaro! Vc disse tudo o que eu gostaria de ter escrito, só que teve a enorme paciência de redigir, o que eu não tenho tido ultimamente!!!
ResponderExcluir:))))
Oi Katia, tudo bem?
ResponderExcluirIndiquei seu blog lá no Direito na Mídia. Abraços e boa sexta, Ricardo (@direitonamidia).
obrigada Ricardo. Agora, aqui será o meu espaço maior de escritos. Uma vez que saí da CBN.
ResponderExcluirbj
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Bella, obrigada pelos elogios. Esepero que continue acompanhamdo os meus ditos e escritos aqui no dia a dica
ResponderExcluirbjbjb
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