domingo, 11 de outubro de 2009

Apesar da crise, recorde de viagens no Brasil

de O Estado de São Paulo




Guerra entre empresas aéreas leva a recorde de pessoas transportadas

Marianna Aragão

Os prazos longos de financiamento e a guerra tarifária entre as companhias aéreas estão fazendo com o que o setor de turismo já comemore o ano de 2009. Mesmo com a crise e a queda do dólar, as viagens domésticas devem crescer 10% este ano, enquanto as internacionais cairão 5%, segundo previsão da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav).

Dados do Ministério do Turismo mostram que o número de brasileiros transportados este ano é recorde. De janeiro a agosto, foram 35 milhões de passageiros viajando dentro do País, 20% mais que o mesmo período de 2008 e o melhor resultado dos últimos 40 anos.

A CVC, maior operadora de viagens do Brasil, prevê alcançar a marca de 2 milhões de turistas transportados em 2009 - 300 mil a mais que no ano passado. A movimentação deve fazer a companhia ter o melhor faturamento de sua história, 16% acima do registrado em 2008.

Para o presidente da CVC, Valter Patriani, o segundo semestre aquecido compensou o primeiro, quando a insegurança trazida pela crise global atrapalhou o setor. "O dólar baixo barateou as viagens internacionais e atiçou o mercado doméstico. Ninguém quer perder mercado." Ou seja, para competir com os destinos internacionais, hotéis e agências de viagens tiveram de reduzir suas tarifas.

Ao mesmo tempo, a disputa entre as empresas aéreas esquentou, com novatas como Azul e WebJet tentando conquistar mercado. O resultado foram promoções e descontos em todas as companhias. Na Ocean Air, por exemplo, é possível comprar passagens para cidades do Nordeste e o Rio de Janeiro em 12 parcelas de R$ 5 a R$ 10. A Gol também apostou no financiamento - está oferecendo pagamento em 10 vezes, sem juros - e a Azul tem pacotes especiais, como o que permite viajar, pagando R$ 499, para o máximo de cidades possíveis no prazo de 30 dias.

Para o diretor de Assuntos Internacionais da Abav, Leonel Rossi Júnior, a guerra das tarifas foi um dos motivos que animou os turistas a viajar pelo Brasil. Ele estima que os preços das passagens aéreas nacionais tenham caído 20% este ano, em relação a 2008.

Além disso, a gripe suína, que acabou desestimulando passeios para destinos populares entre brasileiros, como Argentina e Chile, e a grande quantidade de feriados no ano também ajudaram o setor. "Quando as viagens internacionais começaram a se recuperar da subida do dólar, no início do ano, veio a gripe", explica.

"Foi um excelente ano para o turismo doméstico", antecipa-se o secretário nacional de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo, Airton Pereira. A expectativa oficial é chegar ao fim de 2009 com 52 milhões de desembarques nacionais, que superaria o recorde de 2007, de 50 milhões de passageiros.

Pereira acredita que a concorrência entre as companhias aéreas, que estimulou esse resultado, veio para ficar. "As perspectivas para o ano são boas, com a continuidade das promoções, os feriadões e o próprio crescimento da economia."

Os cruzeiros marítimos, que caíram no gosto do brasileiro nos últimos anos, também entrou na onda das promoções. Já é possível embarcar em um minicruzeiro (de três a quatro dias) pagando 10 parcelas de R$ 35. "O turismo é um setor em que não vender é perder dinheiro. É preferível, então, receber em dez vezes do que não ter nada", diz o diretor da Abav.

MAIS CEDO

Segundo a Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas (Abremar), o número de turistas embarcados em navios nas próximas férias será 66% maior que o do ano passado. Um dos motivos é a antecipação do período da temporada, que este ano começou em outubro. A entrada de novos competidores - como a espanhola Ibero Cruzeiros, do Grupo Costa Cruzeiros, maior do setor na Europa - também devem esquentar a competição no setor nos próximos meses.

"Muita gente deixou para viajar no fim do ano", aposta o presidente da CVC. Porém, ele acredita que a festa dos preços promocionais não deve se estender até lá. "Setembro e outubro são um momento muito particular do setor, de baixa temporada. As promoções diminuem à medida que as datas de embarque no fim do ano se aproximam." O parcelamento, porém, continua. "Para o brasileiro, é fundamental que a viagem caiba no bolso."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Calo-me...(da série #resgates)

*A partir de hj, sempre que eu resgatar algum texto meu escrito e não publicado, vou postar aqui. O que é escrito é para ser publicado....