domingo, 11 de outubro de 2009

Lula deve prorrogar a desoneração de linha branca

da Folha de São Paulo
Ampliação da isenção do IPI da linha branca proporciona ganho político ao governo, na avaliação do presidente

Produtos da linha branca responderam por 11,3% das vendas de bens duráveis de janeiro a julho, ante 8,8% no mesmo período de 2008

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Lula deverá prorrogar até o final do ano a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a chamada linha branca -fogões, geladeiras, máquinas de lavar e similares.
Segundo a Folha apurou, o presidente quer permitir que os consumidores usem o 13º salário para comprar esses equipamentos com a "sensação de ganho" devido à isenção do IPI. Este benefício é válido até o final deste mês.
Na avaliação do presidente, a prorrogação traria ganho político ao governo. Lula deseja que seja bom o Natal do ano da maior crise econômica de seus dois mandatos. Seria uma forma de confirmar o discurso público de que o país venceu a crise e ajudaria a vitaminar o crescimento econômico do ano.
Para o governo, é importante que o PIB de 2009 seja positivo. A estimativa do governo é de crescimento de 1%. O mercado prevê algo menor, mas positivo. Lula gostaria de superar as expectativas.
No primeiro semestre, na fase mais aguda da crise no Brasil, havia previsão de encolhimento da economia. Na opinião de Lula, a isenção do IPI para a compra de automóveis e para a linha branca ajudou a evitar demissões e aqueceu a economia. O consumo das famílias tem sido o grande motor da economia nos últimos anos e, sobretudo, em 2009.
No Ministério da Fazenda, ainda há argumentos contrários à prorrogação, mas Lula pretende ignorá-los. Argumenta-se na Fazenda que a revelação da Folha de que o governo atrasa o pagamento da restituição do IR (Imposto de Renda) das pessoas físicas exibiu uma fragilidade fiscal importante. Prorrogar o IPI significaria abrir mão de mais receita.
Lula, porém, avalia que o estrago político do tema restituição do IR já aconteceu. Mais: o presidente diz acreditar que os ganhos político e econômico do IPI, transmitindo sensação de bem-estar e aquecendo a economia, são maiores do que a eventual perda de receita.
Na área técnica da Fazenda, aventa-se uma fórmula semelhante à dos carros. A isenção valeu até o fim de setembro e vem sendo reduzida paulatinamente no quarto trimestre.
Lula não gosta da ideia. Disse, em conversa reservada, que os mais pobres são os mais beneficiados pela isenção do IPI para a linha branca. Afirmou ainda que a classe média ganhou um prêmio com a isenção do IPI para carros e, portanto, seria uma questão de justiça a extensão para a linha branca.
Adotada para vigorar de abril a junho, com perda de R$ 264 milhões na arrecadação, a isenção do IPI dos produtos da linha branca foi prorrogada até o final deste mês.
Entre janeiro e julho deste ano, os produtos da linha branca responderam por 11,3% das vendas de bens duráveis, ante 8,8% no mesmo período de 2008, segundo dados da empresa de pesquisa GfK Brasil.
De acordo com a pesquisa, as vendas de geladeiras e máquinas de lavar roupa subiram, respectivamente, 7,2% e 3%. Parte da expansão se deve à redução do IPI para a linha branca no período, segundo a GfK.

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Calo-me...(da série #resgates)

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