No episódio mais - como diriam os ingleses - 'disgusting' milhares de cópias de um vídeo foram distribuídas em paróquias da cidade e região no dia 11 de abril, do monsenhor Luiz Marques Barbosa fazendo sexo oral com um jovem. Na CPI da Pedofilia, o monsenhor negou peremptóriamete o 'ato' e pronuncioua frase apenas: não sou pedófilo! Segundos depois, a CPI exbiu para todo o plenário o referido vídeo. Contrangimento geral.
Tudo bem que o bispo peça 'perdão' pela igreja. Está no papel dele e é uma obrigação fazer isso. Mas, não dá para ignorar o fato de dezenas de episódios envolvendo padres em casos de pedofilia. A igreja que instiga o povo a não usar camisinha porque é pecado e fere os princípios da Bíblia, devia ser tão ou mais veemente na hora de condenar seus clérigos que abusam de jovens nas 'coxias' das igrejas. Isso, sim é pecado e do tipo mais reprovável - se é que se pode graduar. Pecado é pecado e pronto!
Abaixo, a carta do monsenhor, a quem interessar possa.
"Caríssimos Irmãos e Irmãs Diocesanos!
Que a Páscoa do Senhor dê a todos os dons da alegria e da paz. Com certeza, como proclamou o querido Papa Bento XVI no dia solene da Ressurreição, "salvos na esperança, prosseguimos a nossa peregrinação, levando no coração o cântico antigo e sempre novo: "Cantemos ao Senhor: é verdadeiramente glorioso!".
Neste horizonte de esperança e de vida nova que renasce, venho oferecer à leitura e à meditação de todos os Diocesanos a importante Carta Pastoral do Sumo Pontífice à Igreja Católica na Irlanda, publicada no dia 19 de março p.p.
A intenção do Papa, contudo, é de se dirigir a toda a Igreja, numa hora de profunda aflição, provocada pelas gravíssimas acusações envolvendo membros do clero em escândalos inauditos, no intuito de oferecer uma análise profunda do fenômeno e traçar as diretrizes norteadoras do caminho que a Igreja deverá seguir.
O Santo Padre vem em nosso socorro também, pois é sabido por todos o quanto a nossa Diocese foi humilhada pelos fatos noticiados recentemente pela televisão. Aliás, quanto a isso queremos reafirmar o nosso veemente posicionamento no sentido de apoiar as investigações civis, ao mesmo tempo em que, imediatamente, tomamos as mais extremadas medidas canônicas possíveis, aplicáveis aos casos denunciados.
Queremos aprender do venerado Santo Padre a não ter medo da verdade, mesmo que dolorosa. Sentimos, sim, "vergonha e desonra" pela violação da dignidade da pessoa humana e lamentamos o golpe desferido contra a Igreja, semeando descrédito e suspeitas.
Em nome da Igreja diocesana, também ela ferida, quero pedir perdão a todos quantos, feridos e escandalizados, se sentiram agredidos em sua integridade e traídos em seus sentimentos religiosos e de confiança na Igreja. A todos gostaria lembrar a palavra do Papa: "Peço-vos que não percais a esperança. É na comunhão da Igreja que encontramos a pessoa de Jesus Cristo, ele mesmo vítima de injustiça e de pecado. Como vós, ele ainda tem as feridas do seu injusto padecer. Ele compreende a profundeza dos vossos padecimentos e o persistir do seu efeito nas vossas vidas e nos relacionamentos com os outros, incluídas as vossas relações com a Igreja. Sei que alguns de vós têm dificuldade até de entrar numa igreja depois do que aconteceu. Contudo, as mesmas feridas de Cristo, transformadas pelos seus sofrimentos redentores, são os instrumentos graças aos quais o poder do mal é despedaçado e nós renascemos para a vida e para a esperança".
Se, consternados, assistimos a uma verdadeira subversão moral e espiritual, que toca a interioridade mais profunda do homem, devemos decididamente nos soerguer a partir da restauração da moralidade e da vida espiritual. Na verdade o homem é dominado pelo pecado, mas a graça redentora de Jesus Cristo redime e salva. É preciso alcançar este patamar espiritual. "Caritas Christi urget nós" - o amor de Cristo nos impele - (2 Cor 5,16). Seguindo as sábias indicações do nosso amado Santo Padre, Bento XVI, precisamos de um verdadeiro mutirão evangelizador e vivificador: pais e mestres, padres e educadores, catequistas e animadores de comunidades, missionários, todos devemos entrar nesta ação vigorosa. Não bastam eventuais recursos de sabedoria humana: o amor de Cristo nos impele para a medida alta da vida cristã, a santidade. Só os santos renovam a Igreja.
Todos precisamos do Papa: deste Papa, que mais uma vez - para retomar o título da sua última Encíclica - diz a verdade na caridade e pratica a caridade na verdade.
Penedo, 11 de abril, Domingo da Divina Misericórdia.
Dom Valério Breda, bispo diocesano."
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