Pelados na UnB por Geisy
UnB Alunos protestam em favor de Geisy
Correio Braziliense - 12/11/2009
Quase 200 pessoas foram à Reitoria pedir nota de apoio a José Geraldo e melhorias para o câmpus
Rodrigo Couto
Carlos Silva/Esp.CB/D.A Press
Parte dos manifestantes tira a roupa para apoiar a estudante da Uniban
Em solidariedade à estudante de turismo da Universidade Bandeirante (Uniban), em São Bernardo do Campo (SP), Geisy Arruda, 20 anos, hostilizada pelos colegas de faculdade por usar um microvestido cor-de-rosa em pleno câmpus no último da 22, quase 200 estudantes da Universidade de Brasília (UnB) fizeram ontem um protesto e divulgaram uma carta aberta repudiando a violência sofrida pela universitária. Com parte dos manifestantes sem roupa, o grupo percorreu os corredores do Instituto Central de Ciências (ICC), mais conhecido como Minhocão, entrou no restaurante da instituição e rumou à Reitoria, onde ocupou a sala de apoio por quase três horas. Os objetivos da ação eram cobrar do reitor da UnB, José Geraldo de Sousa, uma nota pública em apoio a Geisy e melhorias no câmpus.
Entoando o grito de guerra “Geisy, estamos aqui para copiar o seu jeito de vestir”, alunos de diversos cursos, liderados pelo Centro Acadêmico de Sociologia, rejeitaram o ato de violência sofrido pela universitária paulista. “A atitude de julgar a estudante a partir da roupa que trajava se sustenta nos valores discriminatórios que integram a sociedade capitalista que vivemos, onde as representações sociais da mulher se baseiam numa ótica de subserviência masculina”, diz a nota, que também foi entregue a José Geraldo.
Um dos estudantes que ficou completamente nu foi Meryver Menelyk, 24 anos, do sexto semestre de filosofia. “O objetivo é chamar a atenção para o machismo da nossa sociedade, que não permite às mulheres se despirem em público”, explicou. Outro universitário supôs que os mesmos colegas que agrediram Geisy devem sair durante a noite e gostar de mulheres com roupas curtas. “Eles são hipócritas”, gritou.
Além do pedido de uma manifestação pública do reitor sobre o assunto, por considerá-lo importante para a quebra de paradigmas, os manifestantes também denunciaram que, assim como Geisy, inúmeras universitárias da UnB sofrem agressões machistas, inclusive estupro dentro do câmpus. Os alunos exigiram investimento na iluminação, a permanência dos alunos com filhos pequenos na Casa do Estudante e a criação de um centro de referência da mulher, além do levantamento de dados sobre mulheres violentadas.
Durante encontro com os estudantes, José Geraldo se comprometeu a emitir uma nota em apoio a Geisy e a atender as reivindicações dos universitários. Uma das exigências para o encontro era que os alunos vestissem suas roupas. A reunião foi encerrada de forma repentina depois que a estudante Vânia Silva, 25 anos, do 10º semestre de pedagogia, tirou a camisa e deixou os seios à mostra. “O reitor não entendeu nosso movimento”, criticou. Na próxima quarta-feira os universitários realizam um grande beijaço no ICC. “Vai ser homem com homem, mulher com mulher e homem com mulher”, anunciou um aluno pelo megafone.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
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