Brasil recebe Irã buscando papel de mediador
Autor(es): Reuters
Valor Econômico - 20/11/2009
O Brasil quer valorizar suas credenciais diplomáticas, promovendo a reconciliação no Oriente Médio, ao receber na semana que vem o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, duas semanas após a visita do presidente de Israel, Shimon Peres. Para Ahmadinejad, as visitas a Brasil, Venezuela e Bolívia representam uma chance de ampliar as relações do Irã com uma região onde já conta com um sólido aliado, o presidente venezuelano Hugo Chávez.
O Brasil, que adota uma posição muito mais conciliadora em relação ao programa nuclear iraniano do que outros governos ocidentais, diz que o diálogo com Teerã propicia mais chances de avanços a respeito da questão nuclear e da paz no Oriente Médio do que o isolamento do país.
O diálogo Brasil-Irã conta com o apoio do governo americano, já que, segundo autoridades brasileiras, o presidente Barack Obama pediu, em março, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que conversasse com Ahmadinejad. "Acreditamos que é muito mais importante manter um diálogo com o Irã do que simplesmente dizer não, deixá-los estigmatizados e isolados", disse Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, na semana passada a jornalistas no Rio. "Obama disse que um diálogo entre Irã e Brasil é importante."
Obama tem dito que o tempo está se esgotando para que a diplomacia resolva o impasse em torno do programa nuclear iraniano - potências ocidentais suspeitam que ele esteja voltado para a produção de armas atômicas. Teerã afirma que seu objetivo é apenas gerar eletricidade para fins civis.
Preparando-se para assumir no ano que vem uma vaga temporária no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil está ávido para demonstrar sua seriedade como ator no cenário internacional e pleiteia um papel mais ativo na promoção do diálogo no Oriente Médio.
Depois de receber Peres recentemente, Lula terá no fim de semana a visita do presidente palestino, Mahmoud Abbas. Em março, será a vez de Lula ir a Israel e aos territórios palestinos.
Até hoje, o Brasil tem historicamente pouco envolvimento com a questão do Oriente Médio e analistas duvidam que o país possa resolver o impasse com o Irã ou destravar o processo de paz entre israelenses e palestinos.
"Acho que as chances de Lula desempenhar um papel em juntar EUA e Irã são negligenciáveis. Acho que, se essa é a meta, o governo brasileiro está se posicionando para o fracasso", disse Michael Shifter, vice-presidente para políticas da entidade Diálogo Interamericano, de Washington. "Acho que isso é para reforçar a sensação de que o Brasil é uma grande potência e pode aproveitar uma ampla gama de contatos em todo o espectro ideológico."
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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