quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Variação da cesta básica passa de 100% no DF

Preço da cesta básica tem diferença de até 100%
Autor(es): # Mariana Flores
Correio Braziliense - 04/11/2009

Pesquisa da Universidade Católica de Brasília reforça a orientação que para economizar é preciso pesquisar e evitar pagar duas vezes mais

O brasiliense deve pesquisar bastante antes de fazer a compra de mês. Um estudo feito pela Universidade Católica de Brasília (UCB) mostra que uma mesma cesta de produtos pode ultrapassar o dobro do preço dependendo do ponto de venda. Não é apenas de uma região para outra que os preços variam. Dentro de uma mesma cidade o desconto pode passar de 50%. Há diferenças que se destacam e chamaram a atenção dos pesquisadores. Em Ceilândia,foi identificada a cesta mais cara (R$ 714,51) contra R$ 219,85, no Plano Piloto.

Nos locais onde a concorrência é menor, as opções de compra são mais reduzidas, o que acaba elevando os preços também. É o caso de Ceilândia, que, segundo o Índice de Custo de Vida da UCB(1), tem atualmente a segunda cesta mais cara entre as quatro regiões administrativas analisadas — Plano Piloto, Ceilândia, Guará e Taguatinga. Os 54 produtos pesquisados, entre itens de alimentação, limpeza e higiene pessoal, custam, em média, R$ 420,40 em Ceilândia, segundo os dados de outubro. Mais barata apenas do que no Plano Piloto, onde esse conjunto de itens vale, em média, R$ 431,96. No Guará, a mesma cesta custa R$ 398,75 e em Taguatinga, R$ 375,01, na média dos 12 pontos de venda pesquisados em cada região.

A variação é grande dentro dos 48 hipermercados, supermercados e mercados menores visitados pela instituição. O valor mais elevado foi encontrado em um estabelecimento de Ceilândia, que vende os 54 produtos a R$ 714,51 no total. O mais barato foi registrado em um local no Plano Piloto. A mesma cesta pode ser comprada por R$ 219,85. “Em cada região você tem custos operacionais diferentes, o valor do aluguel e do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) mudam de um local para outro. Além disso, cada supermercado tem uma estratégia diferente de preços. Então, eles variam bastante. Por isso, é importante a pesquisa”, afirma o superintendente da Associação de Supermercados de Brasília (Asbra), Antônio Tolentino Neto.

A maior variação ocorre dentro de Ceilândia. Um consumidor que procurar bastante pode encontrar a mesma cesta por menos da metade do preço, por R$ 348,05. O valor médio, R$ 420,40, é quase o mesmo cobrado no Plano Piloto, R$ 431,96. A falta de opções é a justificativa, segundo a coordenadora do índice, Kátia Velásquez. “No plano há uma variedade maior de supermercados, então a concorrência é maior. Em Ceilândia, por exemplo, há poucas opções, então os que existem podem praticar o preço que quiserem. A população tem que aprender a não ir no primeiro mercado e comprar”, orienta.

A recomendação é usual, mas, na prática, os consumidores enfrentam dificuldades para fazer a pesquisa de preços. A vendedora autônoma Rita de Cássia da Silva, de 28 anos, por exemplo, sabe de um endereço em Ceilândia em que os produtos são mais baratos. Por não ter carro, acaba comprando do lado de sua casa, onde pode ir caminhando. “Compro tudo no mesmo local porque aqui posso vir e trazer meus três filhos. Para ir mais longe teria que pegar ônibus com compras e três meninos, não dá. Mas aproveito as promoções e levo o que está com preço melhor, independentemente da marca. Há alguns meses, me proponho a gastar em torno de R$ 300, se os preços aumentam, vou tirando itens supérfluos da lista.” A atitude é elogiada por Kátia Velásquez. “O consumidor não deve priorizar uma marca. Deve pesquisar até mesmo dentro do supermercado e escolher o produto mais barato. Além disso, vale pechinchar descontos”, diz a coordenadora do índice.

Aumento de valores

Nos últimos 12 meses, a cesta básica em Ceilândia também foi a que mais subiu. A UCB registrou um aumento de 14,4% em outubro em relação ao mesmo mês de 2008. Os preços na cidade começaram a subir em julho deste ano, mas já voltaram a recuar. De setembro para outubro caíram 6,4%. Os moradores do Plano Piloto arcaram com o segundo maior reajuste em 12 meses, de 5,5%. No Guará, o acréscimo foi de 4,9%, e em Taguatinga foi registrado um recuo de 2,4% nos preços.

Para não arcar com os acréscimos, o consumidor tem que ter disposição e tempo. A dica é que, além de pesquisar bastante, ele não vá às compras apenas uma vez por mês, mas aproveite as promoções de dias específicos. “Se está em promoção, ele tem que comprar só o que está em promoção. Aproveitar os dias instituídos em cada rede cria como o dia da carne, o da verdura, o da fruta. Não tem jeito, para pagar menos, tem que ir atrás dos descontos”, ensina a presidente da Associação das Donas de Casa de Brasília, Suely Bezerra da Silva.


1 - Pesquisa de preços nos supermercados
O levantamento é feito mensalmente por estudantes do curso de economia da Universidade Católica de Brasília (UCB). Na primeira quinzena de cada mês, 12 voluntários percorrem 48 hipermercados, supermercados ou mercados menores para pesquisar preços de 54 itens da cesta de consumo mensal de uma família. No grupo entram 39 itens de alimentação, oito produtos de higiene pessoal e sete de limpeza.

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Calo-me...(da série #resgates)

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